domingo, 9 de setembro de 2007

Apetece-me ser Feliz

Eu sento-me. Quero ver o filme. Sou espectadora e personagem principal. Já escolhi as outras personagens.. as principais, as secundárias... Hoje fazes de figurante porque me apetece ser feliz. Escolhi as minhas falas ao pormenor... Decorei-as. Depois, escrevi as tuas. Pouco dizes já que desta vez pouca importância tens.
Enquanto me preencheste de eufemismos, hipérboles e ironias não pensaste que hoje poderia ser eu a escrever a tua história e a escolher a tua (pouca) importância. Sempre tentaste projectar em mim aquilo que quiseste ser e nunca conseguiste. Falhaste sempre e tentaste que eu falhasse também.
Sempre representei tentando que fosses comigo o personagem principal. Gastei horas a ensinar-te truques, segredos... Ensinei-te a viver e a respirar. Só não te pude ensinar a acreditar, a confiar. E falhaste no primeiro obstáculo, na primeira barreira.
Não sofri contigo, sofri por ti. Portanto, agora eu brilho e tu assistes às minhas vitórias apenas como espectador. Agora sabe bem ver o nosso filme. Escrevi-o e representei-o. A diferença é que já não fazes parte dele, a luz principal incide sobre mim e portanto, a estrela sou (embora momentaneamente) Eu.

domingo, 2 de setembro de 2007

Cores

Vira a página. Ainda te restam algumas. Aliás, ainda nos restam algumas. Restam páginas, linhas, tinta e paciência. Resta alma, pensamento, imaginação. Restam relógios, ponteiros descontrolados a girar ao contrário. Resta-nos tempo. Restam-nos recordações e momentos. Escolhas de caminhos e tempo. Páginas escritas onde retratas vivências. Ou vivências que outrora quiseste retratar em páginas soltas com caneta de tinta permanente. Restam momentos, memórias ou fotografias onde esboças sorrisos pouco sinceros. Resta a tela que desejas pintar mas não pintas, restam livros que não lês e páginas soltas onde ainda não escreveste nada. A ti falta a alma, o pensamento, a imaginação, a paciência e o tempo. A mim falta a coragem. Coragem para pegar na tua tela e pinta-la com as minhas cores, fazer o desenho que quero, pintar o mundo à minha maneira. Pintar o teu mundo; e o meu. Aquela tela é a tua vida. Faltam-te sorrisos, olhares, momentos. Falta-te o cheiro, o sabor. A mim falta-me pintar a tua tela.
Vira a página. Agora já nos restam menos páginas, menos linhas e menos tempo. Começo a pintar a tua tela. Cores, cores e cores. Desfaço-me em cores para pintar a tua vida. Tu ganhas asas e voamos. Dizes que me vais mostrar as cores. Desfazes-te em cores. Já não preciso de pintar a tua tela. Tu pegaste na minha mão e mostraste-me as cores. As reais e não aquelas que pintava. Desfaço-me em cores. Desfaço-me em ti. Por ti.