quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Um. Dois. Três. Quatro.

Tenho olhado para os relógios e admirado o frenético girar dos ponteiros. Não tenho escrito mas tenho imaginado muitos desenhos com pouca cor. Tenho ouvido a chuva do lado de fora. Tenho-a sentido bater contra o vidro e é como se batesse em mim. Tenho sentido o vento na face rosada e o frio nas pontas dos dedos. Tenho sentido o sangue correr-me nas veias. Tenho sorrido pouco. Tenho ouvido muita música. Tenho sido uma criança. Não sei se tenho ou não sido feliz. Tenho preenchido o meu Mundo de aromas. Tenho apreciado o sabor do chocolate quente. Tenho recordado muitos momentos, muitas pessoas. Não tenho pensado no Futuro. Tenho passeado pelas ruas. Tenho estado com os amigos. Tenho sido confidente e tenho confidenciado. Tenho sentido. Tenho chorado muito. Tenho sido à prova de bala. Tenho aguentado tudo. Tenho preenchido todos os dias. Tenho colorido pouco a minha vida. Tenho olhado pouco para os relógios, afinal. Tenho esperado. Um. Dois. Três. Quatro. Quantos mais faltam ainda, afinal? Tem doído.
02.34 H

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Cinco. Ou Seis.

Escondo-me do Mundo e fujo de ti. Vivi horas (quase) intermináveis presa a alguém que desconheço. Agora, está na altura de mudar de rumo. Deixei que decidisses. Esperei no lugar que fizeste meu. Agora, acabou.
Gostava de ser como ele e não pensar. Recusar o pensamento. Conformar-me. Não procurar, esperar apenas. Depois, acabo por não conseguir recusar seja o que for e percebo que não sou mais do que uma peça de uma fragmentação de um qualquer outro eu. Dou por mim já no ridículo da situação que projectei. Nunca poderei ser uma fragmentação de um outro eu porque não consigo completar seja quem for. Sou apenas uma. Mais uma. Projectei e falhei.
Talvez tenha ficado tempo demais sentada em frente à janela fechada a tentar abri-la (ou que a abrisses) e não tenha percebido que, mesmo ao lado, estava uma outra janela aberta para mim. Muito menos percebi que enquanto esperei que abrisses a tua janela, eu era a janela de alguém.
Mergulho silenciosamente em harmoniosas melodias que me recordam o que já fui e o que sou. Não quero. A única coisa que eu sei é que não quero. Cubro-me de medo, mergulho no nada em que me tornaste. Sinto que a cada minuto que passa, desfaço todos os sonhos. Quebro-os a todos, como se fossem espelhos que já pouco reflectem. É como se em cada fragmento, me matassem um dos sentidos. E cuidado porque eu só tenho cinco. Ou seis.
Choro. Grito. Desfaço. Projecto. Falho. Consigo. Aguento. Traço-te.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Caminhos

Preciso que sigas viagem. Segue o teu caminho, para eu começar a definir o meu. Chegou a altura de decidir, partir em busca, encontrar. Não sei se deva procurar ou esperar. Sinto que não existo a cada dia que passo sem ti. Sinto que fica sempre tudo por dizer a cada momento que me cruzo contigo numa estrada que percorremos em lados opostos. Há momentos em que nem me sinto.
Cada vez acredito mais que tudo isto não passa de um sonho, de uma barreira que construí com o mundo, com a vida. Dói só o facto de ter de respirar. Em cada inspiração, mais um bocado de ti que se entranha em mim. Preciso que chegues bem perto e sussurres ao meu ouvido aquilo que sentes. Sem mentiras, sem omissões. Está traçado. Está escrito numa linha qualquer da minha mão. É apenas um traço, e define tudo aquilo que ainda nos falta viver.
Leva-me. Preciso que me mostres tudo aquilo que ainda não vi, viver tudo o que ainda não vivi. É nestes momentos que podemos ir sozinhos, ou pegar na mão de alguém. E eu quero descobrir o que falta, contigo ao meu lado. Só espero que a estrada que percorremos agora em lados opostos se cruze, no fim, num plano perpendicular. Pretendo seguir viagem ao teu lado. Afinal, está escrito. Maktub.

sábado, 20 de outubro de 2007

Oscilas


E oscilas à vontade do vento, de um lado para o outro, como se ele e apenas ele comandasse a tua existência. Voas ao seu sabor, sonhando apenas. E quando sonhas, quem és? Deixas de oscilar e tornas-te gente? Deixas de ser controlado e passas a controlar? É quando sonhas que apareces, que nasces, que vives. Mas não morres. Repara que nunca morres. É apenas quando fechas os olhos e voas para um mundo que (des)conheces que passas a ser real, a respirar. Aí e apenas aí. É assim que encontras motivos, razões e verdades. Joga as mentiras, deixa que agora sejam elas a voar ao sabor do vento que outrora te comandou a ti. Não te preocupes. O vento não manda em mim e eu faço parte do teu sonho. Permaneço ao teu lado, dou-te a mão e peço-te que sigas viagem comigo. Tu sorris e segues. Sem rumo, sem direcção.
Um dia, quando acordares e fores transportado para o mundo que já conhecias, onde tudo te controlava, onde conseguias viver apenas na frustração e onde respeitavas as horas de tédio a passar, vais ver que o vento já não te faz oscilar, não te comanda e não te perturba. Aprendeste a confiar. O teu vento sou eu. Deixa que te agarre, voa comigo.

domingo, 9 de setembro de 2007

Apetece-me ser Feliz

Eu sento-me. Quero ver o filme. Sou espectadora e personagem principal. Já escolhi as outras personagens.. as principais, as secundárias... Hoje fazes de figurante porque me apetece ser feliz. Escolhi as minhas falas ao pormenor... Decorei-as. Depois, escrevi as tuas. Pouco dizes já que desta vez pouca importância tens.
Enquanto me preencheste de eufemismos, hipérboles e ironias não pensaste que hoje poderia ser eu a escrever a tua história e a escolher a tua (pouca) importância. Sempre tentaste projectar em mim aquilo que quiseste ser e nunca conseguiste. Falhaste sempre e tentaste que eu falhasse também.
Sempre representei tentando que fosses comigo o personagem principal. Gastei horas a ensinar-te truques, segredos... Ensinei-te a viver e a respirar. Só não te pude ensinar a acreditar, a confiar. E falhaste no primeiro obstáculo, na primeira barreira.
Não sofri contigo, sofri por ti. Portanto, agora eu brilho e tu assistes às minhas vitórias apenas como espectador. Agora sabe bem ver o nosso filme. Escrevi-o e representei-o. A diferença é que já não fazes parte dele, a luz principal incide sobre mim e portanto, a estrela sou (embora momentaneamente) Eu.

domingo, 2 de setembro de 2007

Cores

Vira a página. Ainda te restam algumas. Aliás, ainda nos restam algumas. Restam páginas, linhas, tinta e paciência. Resta alma, pensamento, imaginação. Restam relógios, ponteiros descontrolados a girar ao contrário. Resta-nos tempo. Restam-nos recordações e momentos. Escolhas de caminhos e tempo. Páginas escritas onde retratas vivências. Ou vivências que outrora quiseste retratar em páginas soltas com caneta de tinta permanente. Restam momentos, memórias ou fotografias onde esboças sorrisos pouco sinceros. Resta a tela que desejas pintar mas não pintas, restam livros que não lês e páginas soltas onde ainda não escreveste nada. A ti falta a alma, o pensamento, a imaginação, a paciência e o tempo. A mim falta a coragem. Coragem para pegar na tua tela e pinta-la com as minhas cores, fazer o desenho que quero, pintar o mundo à minha maneira. Pintar o teu mundo; e o meu. Aquela tela é a tua vida. Faltam-te sorrisos, olhares, momentos. Falta-te o cheiro, o sabor. A mim falta-me pintar a tua tela.
Vira a página. Agora já nos restam menos páginas, menos linhas e menos tempo. Começo a pintar a tua tela. Cores, cores e cores. Desfaço-me em cores para pintar a tua vida. Tu ganhas asas e voamos. Dizes que me vais mostrar as cores. Desfazes-te em cores. Já não preciso de pintar a tua tela. Tu pegaste na minha mão e mostraste-me as cores. As reais e não aquelas que pintava. Desfaço-me em cores. Desfaço-me em ti. Por ti.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Vocês


Hoje é o vosso dia. O vosso. O nosso.
É provável que não saibam do que falo. Mas sim, hoje é o vosso dia. Só vosso. Dia Mundial da Amizade. Dia Mundial do Amigo.
Com vocês sei que posso sempre contar. Com vocês sei que posso ser eu. Sem medos, sem receios. São vocês que estão sempre comigo. A chorar, a rir, ou simplesmente nos momentos de silêncio. Vocês são o porto seguro, o abrigo. Não o refugio, mas o abrigo. São a razão. E acreditem que eu não existo sem uma razão. Se existo para alguém, é seguramente para vocês e só para vocês.
Sei que nunca vou viver com ninguém o que ao vosso lado já vivi. E ainda continuo a viver. Os melhores momentos, são sempre convosco.
As melhores gargalhadas são com vocês. Os mais sinceros sorrisos também o são. Os melhores abraços, aqueles em que se sente a força do mundo, são vocês quem me os dá. Vocês são tudo e nem se apercebem que o tudo é a força. E é a força que faz mover o mundo. Pelo menos, é a vossa força, a vossa presença, que faz mover o meu pequeno mundo. Sozinha não sou nada, mas ao vosso lado, sou tudo. É ao vosso lado que me sinto alguém. Alguém importante.
Se vos tiver ao meu lado, serei a pessoa mais feliz do mundo. Como o sou agora.
Serão sempre os melhores. Porque são os meus. Os meus amigos. OS MELHORES.


Amo-vos


Joana, Mica, Teresa, Bruna, Isabelle, Joca, Filipa, Cici, Marly, Leila, Pipa, Laura, Catarina, Tânia, Ana, Dani, Marina, Neuza, Bacalhau, Suz, Inês, Raquel, Patrícia, Laura, Nadine, Sara, Maria, Fábio, Rodrigo, Ricardo, Tiago, Miguel, Sopa, Zambujo, André, Duarte, Alexandre, Ricardo, Faustino, Julien, José, Fábio, Bruno. <3


Uns foram, outros ficaram. Apesar de tudo, serão sempre importantes. Estiveram, estão e continuarão a estar. É por vocês. Tudo isto é por vocês e para vocês. Nada mais interessa. 20.Julho.2007

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Estrada


Fugiste na altura em que te julguei mais seguro. Nem usaste palavras para te despedir. Viraste as costas e caminhaste. Sempre em frente, sempre na mesma direcção. Pela estrada que antes era nossa e agora é só tua. Não disseste 'adeus' nem 'até já'.. Não disseste nada. Aliás, tu nunca me conseguiste dizer nada.
Não olhas para trás nem deixas pedras a marcar o caminho. Pensas que não terás de voltar a percorrer a estrada, fazendo o caminho oposto. O da volta, o do regresso. Continua. Não olhes para trás. Afinal, sou eu quem está ao fundo da estrada de onde partiste, sem te despedir. Quando acordares, é por mim que vais chamar. Eu espero. Ao fundo da estrada onde me deixaste.
Talvez regresses um dia. Adeus.